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Publicaba su director general, a mediados del mes de octubre, en las páginas de "O Mirante", el mayor y mejor semanario regional de Portugal, un artículo muy interesante que no ha perdido vigencia alguna. Conviene que ustedes lean, otra vez con calma, para darse cuenta de cómo andan las cosas en el mundo, tan difícil, de la Prensa regional y local en Portugal. No tiene desperdicio, una vez más, el apunte de Joaquim António Emídio.
A guerra contra o Diabo e um apelo às armasOs patrões da comunicação social desinteressaram-se da única associação (API) que tinha voz para reivindicar junto do Governo. Por ser uma associação amordaçada e confinada, a imprensa regional e local não tem interlocutores junto dos poderes de Lisboa.
Conheço um músico de orquestra que depois de cada trabalho enfia o instrumento na mala até chegar a hora da actuação seguinte. É assim há muitos anos. É músico profissional como muitos são talhantes, caixas de supermercado, cantoneiros, etc, etc, por que não conseguiram ainda melhor profissão para ganharem a vida. É um músico profissional que já sabe a música de cor, não tem respeito pelo maestro nem toca em orquestras que lhe exijam muito. O exemplo serve para comparar com aqueles profissionais do jornalismo que acham que a profissão resolve-se diariamente com umas notas sobre a pandemia, uma entrevista com um político ou um dirigente desportivo e dois ou três textos roubadas da reunião de câmara dos assuntos de antes da ordem do dia. Não estou a atirar pedras a ninguém, mas a fazer um exercício que só me contempla a mim, que ainda sou jornalista de tarimba, quase 33 anos depois de ter fundado este jornal.
Esta semana tomei a decisão de pedir a demissão da Associação Portuguesa de Imprensa (API) de que somos sócios desde a fundação do jornal. Aprendi muito com o associativismo; com os jornalistas e os patrões dos jornais que noutros tempos davam o coiro e o cabelo na defesa dos seus interesses. Era nesses encontros que os políticos do Governo gostavam de se mostrar; era nessas arenas que percebiamos quem estava no negócio para fazer jornalismo e quem estava no jornalismo para valorizar os negócios.
Ver como o mundo mudou nos últimos 30 anos na área da comunicação social é um exercício mais fácil para quem entrou no jornalismo por dever de cidadania e não por opção profissional. Por isso, esta semana pedi a demissão da única associação que conheço que representa os jornais nacionais e regionais. Estive sempre na primeira linha do combate associativo; e devo ter sido daqueles que mais luta deu às direcções da associação sempre numa postura de combate pelo colectivo. Desisti. A API, antiga AIND, continua a ser gerida por gente que respeito como pessoas mas que, como dirigentes, não valem um chavo.
33 anos depois de fundar O MIRANTE ainda vivo a ensacar jornais, a angariar assinantes, a dirigir jornalistas, a zangar-me todas as semanas com os distribuidores dos jornais, enquanto a grande maioria dos dirigentes baixaram os braços, vivem alegremente do sistema ou sobrevivem do negócio que se tornou ser dirigente associativo. A coisa é complicada demais para explicar numa crónica. Fica aqui a nota para que os leitores de O MIRANTE saibam que somos líderes de mercado, mas não dormimos na forma.
Não é a pandemia que está a acabar com a imprensa local e regional; é a falta de liderança empresarial e a incapacidade para reivindicar junto do Governo medidas de apoio para a comunicação social que trabalha e representa 90% do território que sofre os problemas que todos bem conhecemos. Agora que o associativismo devia ser um apelo às armas, para citar a ministra da Justiça, a propósito do combate contra a fraude e a corrupção, a associação que representa os jornais (API) está amordaçada e confinada; não há reuniões, nem estratégias conjuntas, nem planos de acção que ajudem o sector a sair da crise ou a minorar os seus efeitos. Que fiquem com Deus; nós vamos continuar a guerra contra o Diabo. - JAE.
Joaquim A. Emídio |