Solenissíma Procissão de São João Baptista, a “grande celebração comunitária e identitária de Braga”

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Fotos : ARAÚJO MACEIRA
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Solenissíma Procissão de São João Baptista

24 DE JUNHO, 2023

Dez andores e centenas de figurantes

Andores dos santos do mês de junho (Santo António, São Luís Gonzaga, São Pedro, Sagrado Coração de Jesus, São Paulo e São Paio) e dos padroeiros da cidade de Braga: São Geraldo, Nossa Senhora da Torre, Nossa Senhora do Sameiro e São João.

Acompanhamento pelas autoridades civis e religiosas : presidência do Arcebispo Primaz de Braga, D. José Cordeiro, presencia do presidente da Câmara Municipal, dr. Ricardo Rio.

Itinerário : Sé > Rua D. Paio Mendes > Avenida S. Miguel-o-Anjo > Rua D. Diogo de Sousa > Largo do Paço > Rua do Souto > Largo do Barão de S. Martinho > Rua de S. Marcos > Rua D. Afonso Henriques > Rua D. Frei Caetano Brandão > Rua D. Paio Mendes > Sé

Como bem destaca a agencia Ecclesia, no especial dedicado ao "São João de Braga",  Rui Ferreira, estudioso da festa de São João de Braga, afirmou que esta é a “grande celebração comunitária” e “identitária da cidade”, destacando o dia 24 de junho como “ponto alto” dos festejos.
“O São João é a principal festa da cidade de Braga, grande celebração comunitária, é preciso dar conta que desde sempre foi um espaço de encontro entre os bracarenses da cidade e da zona mais rural”, refere à Agência ECCLESIA.
O bracarólogo (estudioso de Braga) fez tese de mestrado sobre São João de Braga, por sempre ter vivido “intensamente a vida coletiva de Braga” e considera uma festa “identitária da cidade”.
Rui Ferreira indica que esta é uma “festa tipicamente minhota, no sentido de romaria onde as pessoas cumprem a sua promessa, junto ao santo e à capela” e que a “festa de São João de Braga não é só uma noite”.
O São João de Braga não é festa de uma noite só, como noutras localidades, temos programa de vários dias, depois a grande vigília noturna de festa, com vários tipos de música e convívio”.
Do programa das festas, o entrevistado destaca “o folclore, os gigantones e cabeçudos, imagem de marca de S. João de Braga”, a cidade “transfigura-se naqueles dias, as ruas ornamentadas, instala-se uma feira popular nas principais artérias da cidade”.
“O programa segue ao som dos bombos, cavaquinhos, dos ranchos folclóricos, as famílias reúnem-se na noite de São João para comer sardinhas e depois no dia 24 de junho a tradição é comer cabrito assado no forno, há todas estas tradições e os cheiros, o próprio cheiro das tílias espalhadas pelas ruas de Braga, dizemos que quando se sente o cheiro das tílias sabemos que o São João está a chegar”, partilha.
Rui Ferreira recorda que a festa de São João é ancestral e que ganhou destaque das “demais festas”.
“No século XVI a cidade de Braga tinha sete festas estatutárias e o São João eleva-se das demais, porque era um dos oragos da capela da cidade, e devido à fama da corrida do porco preto que mobilizava os bracarenses”, recorda.
A capela de São João da Ponte, onde atualmente se encontra o “coração da festa”, foi fundada em 1616, pela necessidade de celebrar naquele local.
“A corrida do porco preto era disputada entre moleiros e sapateiros que celebravam o São João e o povo juntava-se a assistir, graças à corrida a capela foi construída para que se celebrasse eucaristia no lugar e hoje é o coração da festa, atualmente, São João da Ponte”, explica.
Devido à ancestralidade da festa de São João “uma das coisas vincadas é a iconografia, ligada à festa desde o século XVIII”.
“Em termos litúrgicos celebra-se o nascimento de São João, o santo mais importante depois de Jesus Cristo, por isso a imagem do São João menino, associada à festa de Braga”, refere.
Rui Ferreira destaca ainda a existência do hino de São João de Braga que “se sabe existir desde meados do século XIX e em utilização no São João de Braga”.
“Chamam-lhe o “repenica”, depois foi replicado noutras festas e é um tema que emociona qualquer bracarense, porque vai às nossas raízes”, descreve.
Para Rui Ferreira falta ao São João de Braga “ser bem projetado de forma mediática” e ser sempre “bem tratada a tradição para que não se perca nem desvirtue”.
“É um trabalho que já tem vindo a ser feito e falta tratar bem as práticas de manifestação da festa, é um património bracarense, e é necessário tratar bem para que continue a ser e a ter o significado da festa de São João, que continue a ser o momento mais importante de exaltação da sua identidade comunitária”, aponta.
A entrevista integra o programa de rádio ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública, este sábado, pelas 06h00, ficando depois disponível online e em podcast.