Álvaro Covões, conhecido promotor de espectáculos e actual dono do Campo Pequeno, foi o convidado do programa “Economia de Emergência” na TVI24, transmitido na noite de domingo passado, e onde se falou sobre os impactos da pandemia no mundo da cultura: "O nosso sector foi o primeiro a fechar e pelo que tudo indica, vamos ser dos últimos a reabrir".
Refere o Naturales-Correio da Tauromaquia Ibérica que dirige Patrícia Sardinha atualmente, que
"Ainda que de forma pontual, o tema abordasse uma ou outra organização específica do empresário, como o Festival de Verão “Nos Alive”, a conversa decorreu sempre de forma muito generalizada com Covões a dar a sua visão sobre as consequências e perspectivas futuras pós-pandemia, no mundo dos espectáculos e da cultura em geral: “Somos o sector que está mais parado em Portugal”.
Como o próprio afirmou há uns tempos, o seu negócio não são as corridas de toiros, de todo o modo, e como também foi divulgado, Álvaro Covões
e a sua empresa abriram um concurso público para que os empresários do
meio taurino pudessem apresentar as suas propostas como candidatos à
realização de meia dúzia de espectáculos este ano em Lisboa".
Contudo, o surgimento da Covid-19
e todas as restrições sociais que a mesma implica, estão a condicionar o
futuro desse concurso e a realização dos referidos espectáculos
taurinos, pelo que as respostas de Álvaro Covões nesta entrevista, ainda que não necessariamente dirigidas à Tauromaquia,
acabam por se aplicar muito bem e servem de exemplo ao que também se
vive no sector taurino e certamente no pensar dos nossos empresários
tauromáquicos: “Tudo o que pensamos hoje é muito diferente do que
pensávamos ontem... Ainda nem passou um mês desta situação atípica, pelo
que tomar uma decisão para algo que se vai passar daqui a 3 meses pode
ser precipitada”. E acrescenta, “Há muitas empresas do sector dos
espectáculos e cultura, que já estão a passar dificuldades... Existem
milhares de pessoas a viver sem rendimento... Há pessoas a passar fome”.
A
incerteza do desenvolvimento desta situação e do que virá a acontecer
para eventos onde se aglomerem muitas pessoas, gera contudo, uma certeza
na cabeça do empresário: “A minha dificuldade é saber o que vamos adiar ou cancelar e até quando”, pelo que para Álvaro Covões “é importante que as autoridades, o Governo digam: ‘grandes eventos não podem acontecer até ao dia X’, e aí ficamos com os instrumentos para de forma consciente poder trabalhar e sem pôr em risco as nossas empresas”.
Álvaro Covões não deixa ainda de criticar a situação que se vive a nível europeu: “É
uma vergonha como a Europa não estava preparada para uma pandemia.
Temos que aprender com a história! Houve várias pandemias na história,
noutros séculos... Basta olhar para a história para verificar que, de
forma recorrente, este tipo de pandemia acontece e o que é inacreditável
é que não estávamos preparados para isto”, e salienta “algo vai
ter que ser feito se nos obrigarem a ficar sem trabalhar... Obviamente, a
Europa tem que subsidiar directamente esses sectores”.
Para o empresário “O
que precisamos para o futuro é trabalho, que é uma palavra que se tem
ouvido falar pouco. Temos que começar a mudar o nosso léxico e temos que
pensar que quando voltarmos ao nosso dia-a-dia, mesmo que faseado,
temos que trabalhar todos muito mais porque é a única forma de compensar
e não passarmos por mais uma crise económica”.
Ainda assim, a mensagem final de Covões é positiva, pois acredita que “Vamos voltar à vida normal...e até vamos dar mais valor a certas coisas que não dávamos...”, e acrescenta que o acesso à cultura é actualmente “um bem de primeira necessidade... portanto, vamos ter que voltar mas obviamente, vamos ter que mudar as regras”, acreditando que voltarão os espectáculos com 50 e 60 mil pessoas ou mais, e que “não
podemos olhar para os espectáculos ou eventos culturais como situações
diferentes de um centro comercial ou dos meios de transporte lotados" pois, "não
é por não haver um espectáculo que vamos conseguir que o vírus
desapareça...já que o vírus vai estar em todo o lado, nós é que temos
que ter cuidado".
E despediu-se com um "Até ao próximo espectáculo...", que esperamos que seja em breve, em condições de segurança e a incluir a Tauromaquia.
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Covôes es el señor de la izquierda... en la imagen |