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La depresión avanza. Postal desde Porto en este tiempo de agosto

Bajo el título de "La depresión avanza", Miguel Conde Coutinho, nos envía al caer de la tarde portuense, una postal de este tiempo de agosto, desde la Redacción del Jornal de Notícias. Merece la pena que la leáis. Es un buen retrato de donde andamos... ¿qué más da España que Portugal si ambas padecen ahora mismo de lo mismo...?.



Miguel Conde Coutinho

A depressão avança

Perdemos prematuramente o músico angolano Waldemar Bastos esta semana, como que a sublinhar que 2020 continua pronto a servir-nos desilusões e firme na vontade de nos puxar para baixo.

Olhe-se para o cinema: crise sem precedentes nas salas, apesar dos filmes que vão estreando - "Golpe de Sol", de Vicente Alves do Ó, chegou esta quinta-feira e a Festa do Cinema Francês vai afinal acontecer este ano -, a ponto de as associações representantes do setor terem de lançar uma campanha para estimular o regresso dos portugueses às sala escura. É um pouco chocante, o ponto a que se chegou, o de ser realmente preciso uma campanha para convencer as pessoas a voltarem a ligar-se a uma das formas de arte mais populares que a Humanidade alguma vez inventou, que mexia com milhares de milhões de euros em todo o Mundo e que encantava milhares de milhões de espectadores, os muito e os pouco exigentes.

É deprimente o que a covid-19 nos continua a trazer. E se analisarmos a psicose com o Avante!, não ficamos muito mais animados. Esta tarde, finalmente, o PCP divulgou as regras sanitárias que preparou para a festa comunista. Imposição de uso de máscara e eventos só ao ar livre. Mas nada disse sobre a lotação máxima que o evento vai ter e hoje ficamos a saber que o Governo prorrogou a declaração da situação de contingência, na Área Metropolitana de Lisboa, até ao final do mês.

Pior do que tudo isto: o racismo, o ódio e a aceitação pública da ideia de que são debatíveis. Ou que podem ser colocados em termos iguais e opostos com a tolerância, integração e diversidade, como se fossem argumentos simetricamente iguais. Não são. O preconceito e a xenofobia não são defensáveis. A discriminação racial não é uma possibilidade argumentável.

Quem os coloca no mesmo plano do debate público são os perigosos extremistas, que usam os incautos apenas para se servirem a si próprios. É preciso confrontá-los, dizer-lhe que estão errados, fazer todos ver que os medos infundados formam uma sociedade mais perigosa, vulnerável e autofágica. Mário de Carvalho, em entrevista ao JN, lembrou que "o populismo resulta do recurso aos instintos mais básicos. É um conjunto embrulhado em mentiras e ideias feitas a nível rudimentar."

Tem razão. Não deixemos a covid fazer-nos esquecer disto, porque a distopia (há uma interessante para ver na TV) não é uma improbabilidade de um futuro distante. É uma possibilidade cada vez mais palpável de hoje.